Os cuidados com a saúde são essenciais para prevenir muitas doenças. No entanto, algumas complicações podem surgir em diversos estágios da vida. Um deles é o estado de pré-diabetes, que, quando não é tratado a tempo, pode evoluir para um quadro diabético.
Quando se recebe esse diagnóstico é comum que as pessoas sejam tomadas pelo medo, mas com cautela e prudência é possível diminuir os riscos.
A diabetes é uma doença que atinge cerca de 4,5% da população brasileira adulta, o que é um número relativamente baixo em comparação com países como os Estados Unidos, que têm uma taxa de 10,5%, segundo dados da International Diabetes Federation (IDF).
Nesse contexto, cerca da metade dos diagnósticos de pré-diabetes realmente evolui para o estado diabético. Portanto, é preciso notar com antecedência os sinais para tentar reverter esse quadro.
Se você está com dúvidas sobre pré-diabetes e estava atrás de um conteúdo esclarecedor que responda essas questões, acompanhe este post até o fim e entenda mais sobre o estado pré-diabético.
O que caracteriza a pré-diabetes?
Já é de conhecimento geral que o açúcar é um dos principais vilões para o aparecimento da diabetes. Entretanto, é necessário entender melhor sobre o estado pré-diabético e como se dá seu funcionamento e possível evolução para diabetes mellitus tipo 2.
Para iniciar, é preciso entender que a pré-diabetes não é um diagnóstico propriamente dito, mas se configura como um fator de risco maior para o aparecimento da doença.
É muito importante fazer exames regulares para verificar o nível glicêmico e perceber um possível quadro de diabetes logo no início, principalmente se houverem fatores de risco. Apesar de apresentar sintomas, em muitas pessoas a doença é silenciosa. Portanto, antes da diabetes se estabelecer, há a possibilidade de reverter ainda na fase de pré-diabetes.
Estado clínico
Quando o corpo começa a dar sinais, é de extrema importância procurar ajuda médica para a realização de testes. Por meio de exames de sangue, serão verificados os níveis de açúcar (glicemia) e insulina no organismo.
A glicemia elevada é um dos principais aspectos que caracterizam o estado de pré-diabetes, dependendo da quantidade encontrada. No entanto, isso não é suficiente para classificar que evoluirá para diabetes tipo 2.
Também é nesse momento que se percebe a resistência insulínica, em que o pâncreas começa a produzir insulina em excesso como um meio de tentar controlar o alto nível de açúcar no organismo. Por vezes não são apresentados sintomas, a não ser quando essa resistência está associada a outras causas, como ovário policístico.
A pré-diabetes se trata de alteração no metabolismo, que pode vir a acarretar problemas cardíacos e a tão temida diabetes tipo 2. Entretanto, muitas pessoas que se encaixam na pré-diabetes não desenvolverão a doença, necessariamente.
Há um período que pode levar de 3 a 5 anos para desenvolver tais complicações, mas é mais interessante aproveitar o tempo para tomar cuidados e reverter esse quadro.
Grupos de risco
Por mais que o fator genético com um forte histórico familiar possa ter peso para se desenvolver pré-diabetes, existem outros aspectos que influenciam para os altos níveis de glicose no sangue. Outros pontos mais tratáveis também podem ser fundamentais e são mais fáceis de cuidar para evitar a progressão para diabetes. Entre eles estão:
- sobrepeso e obesidade;
- sedentarismo;
- má alimentação;
- vícios, como cigarro;
- ter 45 anos ou mais;
- histórico familiar com parentes diabéticos;
- acúmulo de gordura abdominal;
- hipertensão;
- alterações de gordura sanguínea (triglicérides alto ou baixos níveis de colesterol HDL);
- mulheres que tiveram diabetes na gravidez;
- mulheres com SOP (Síndrome do Ovário Policístico).
No entanto, nem tudo pode ser mudado, como a questão genética e a idade. Nesse sentido, algumas pessoas evoluirão naturalmente do estado pré-diabético para diabetes, mas é possível minimizar os sintomas e consequências da doença por meio do controle rigoroso da condição.
Para que isso seja possível, o médico endocrinologista será o responsável por avaliar cada situação e dar os direcionamentos, estimando quais passos serão dados e o estado clínico do paciente.
Quais os principais sintomas e como é feito o diagnóstico?
Como mencionamos, em muitas situações o estado de pré-diabetes não apresenta sintoma algum. Logo, é de extrema importância fazer um acompanhamento com exames de rotina, especialmente se você faz parte dos grupos de risco.
Nesse sentido, apesar de não ter sinais claros sobre a possibilidade de ser uma pessoa pré-diabética, você poderá detectar as alterações logo no início para modificar os hábitos e reduzir as chances de virar diabetes.
Sintomas de pré-diabetes
Muitas vezes as pessoas só descobrem que têm essa alteração no organismo quando já estão com diabetes e procuram entender o que sentem. Isso porque a pré-diabetes costuma ser silenciosa e não dá sinais claros do que está acontecendo. Ainda assim, em uma parte da população, há alguns sintomas que ajudam a analisar o quadro.
Entre os sinais que podem surgir estão o aumento da sede e vontade de urinar mais frequente, ter mais fome, visão embaçada e turva e maior cansaço. Portanto, ao ter um ou mais sintomas e até mesmo caso a pessoa não apresente nenhum mas esteja em grupos de risco, o ideal é consultar um médico e realizar exames.
Diagnóstico
Para ter certeza que determinada pessoa é pré-diabética, a realização de exames de glicemia é a medida correta para a confirmação. A alteração no metabolismo da glicose faz com que os níveis fiquem elevados mesmo em jejum. Além disso, o aumento da hemoglobina glicada também caracteriza esse estado.
O exame de glicemia é bem simples. Em um deles, basta uma gota de sangue e esperar três minutos para conferir a taxa de glicemia. Se houver alteração, são realizados testes mais aprofundados. Assim, pode ser aplicado o teste oral de tolerância à glicose, também conhecido como Curva Glicêmica.
Esse exame é feito em diversas etapas, em que são colhidas amostras de sangue a cada 30 minutos enquanto o paciente ingere um xarope de glicose nos intervalos, que entrega um resultado mais preciso.
Segundo a ADA (American Diabetes Association), os valores normais de uma pessoa sem diabetes é de até 99 mg/dL. Portanto, para detecção do quadro pré-diabético, os valores em jejum da glicemia ficam entre 100 e 125 mg/dL, e taxas acima de 126 mg/dL já apontam diabetes.
Além da glicose, a hemoglobina glicada (HbA1c), que é uma proteína contida nos glóbulos vermelhos do sangue (hemácias ou eritrócitos), deve estar entre 5,7% e 6,4%. Ela é o resultado de uma reação entre o sangue e a hemoglobina, e quando a glicemia fica alta, a hemoglobina glicada também aumenta.
Dessa forma, é possível conferir o diagnóstico de diabetes, diabetes tipo 1 e 2 ou se o paciente ainda está na fase de pré-diabetes.
Como se prevenir?
Como já se sabe, há uma série de doenças que podem ser prevenidas com simples mudanças de hábitos. O quadro de pré-diabetes é uma delas, já que ainda não configura a diabetes em si, mas é um indício de desenvolvimento da patologia.
Quando a doença se instala, podem ocorrer complicações como hipertensão, problemas renais e outras condições. Portanto, o melhor método é sempre a prevenção.
Algumas medidas podem ser responsáveis por transformar a vida do paciente, evitando a doença e entregando muito mais qualidade de vida. Ter hábitos de vida mais saudáveis é fundamental para a prevenção da pré-diabetes, bem como para o tratamento, caso haja diagnóstico. Por isso, confira o que fazer para se precaver desse estado.
Controle de peso
A obesidade e o sobrepeso são grandes fatores de risco para evoluir do estado pré-diabético para a diabetes. No entanto, não são apenas pessoas acima do peso que podem desenvolvê-la. Sejam pessoas predispostas ou não, a redução de gordura corporal ocasiona uma melhora positiva na saúde e deve ser feita durante e após o tratamento.
Quando se toma essas medidas em conjunto com exercícios físicos, é possível perder de 5 a 10% do peso corporal, que já constitui uma melhora metabólica considerável e reduz pela metade as chances de desenvolver diabetes.
O emagrecimento é muito importante para o controle em uma pessoa pré-diabética, pois também diminuirá a possibilidade de outras doenças, como as cardiovasculares e outras enfermidades.
Alimentação adequada
Como a pré-diabetes e a diabetes em si são causadas pela alta glicemia no organismo, o controle alimentar é essencial para que esse quadro se estabilize.
A tecla da alimentação saudável já é batida há muito tempo por médicos e nutricionistas, mas a grande questão é que só é seguida quando os problemas surgem. Ou seja, em vez de prevenir com os hábitos saudáveis, o que acontece é que isso só é praticado para remediar quando algo dá errado.
A falta de nutrientes e vitaminas causa deficiências no organismo, aumentando as chances do aparecimento de diversas doenças. Investir em uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes, sucos e verduras — e com diminuição de doces, gorduras, carboidratos e sal — é essencial para controlar o peso e manter mente e corpo em harmonia.
O consumo em excesso de alimentos industrializados, ricos em gorduras saturadas e sódio, é um grande inimigo da saúde. A recomendação é que se substitua esse tipo de comida pela ingestão de mais fibras, grãos e que se tenha uma alimentação mais natural.
Entretanto, essa adaptação deve ser feita gradualmente, para que a mudança não cause grandes impactos no organismo, provocando mal-estar, como tonturas.
Prática regular de exercícios
Independentemente de ter problemas de saúde ou não, os exercícios físicos são recomendados para toda e qualquer pessoa que deseja ter hábitos mais saudáveis.
Mexer o corpo é fundamental, mas para quem está com o quadro de pré-diabetes é necessário ter alguns cuidados. Assim, a orientação de profissionais ajudará a encontrar a atividade física ideal.
A realização de um check-up antes de iniciar a prática de qualquer esporte é de extrema importância. Assim, você verifica como está seu organismo e pode adaptar os exercícios para a sua situação.
As atividades aeróbicas são boas alternativas, já que estimulam a oxigenação sanguínea e consomem calorias. No entanto, as práticas devem ser realizadas três vezes por semana por, pelo menos, uma hora.
Os exercícios físicos são uma ótima maneira de baixar a glicemia, uma vez que, ao gastar energia, o organismo consome o açúcar do sangue muito mais rápido.
Além do benefício para o quadro clínico, essas atividades ainda liberam hormônios do bem-estar, ajudando no humor e na disposição, prevenindo doenças cardiovasculares e degenerativas e até mesmo melhorando a qualidade do sono.
Caso não goste de esportes, busque outras alternativas. Você pode fazer caminhadas pelo bairro, andar de bicicleta e até mesmo trocar o elevador e escadas rolantes pela subida em escadas convencionais.
Há muitos jeitos de adaptar a prática de atividades físicas. Encontre a que combine com o seu estilo de vida!
Eliminação de vícios
Os vícios, em combinação com problemas de saúde, acabam gerando, muitas vezes, um resultado desastroso. Para quem tem predisposição para diabetes, continuar com um estilo de vida despreocupado e vicioso pode acarretar diversas complicações.
Essas afirmações não são novidades para ninguém, mas quem tem pré-diabetes pode se comprometer ainda mais caso não esteja com abertura para sanar esses problemas.
O tabagismo é um vício que gera diversas consequências para o organismo. Uma pessoa com pré-diabetes deve considerar os riscos que fumar gera para o tratamento e para a saúde, que está um pouco comprometida.
Com a tendência de desenvolver diabetes, o fumo pode agravar a situação, uma vez que traz complicações. Entre elas estão o comprometimento progressivo do sistema cardiovascular, problemas renais e oculares.
Como já mencionamos, a diabetes pode gerar complicações nesses órgãos, e o tabagismo seria uma espécie de potencializador, pois o conjunto de fatores seria ainda mais prejudicial.
Desse modo, o ideal é parar de fumar, porque esse vício diminui a oxigenação das células e reduz o fluxo sanguíneo. Fumantes também têm níveis mais altos de cortisol e maior tendência à obesidade.
Já se tratando de bebidas alcoólicas, o cuidado deve ser principalmente com o fígado, pois o órgão é o responsável pelo controle de níveis de açúcar presentes no sangue. Esse processo é chamado de glicogenólise, em que as reservas de açúcar são direcionadas para a corrente sanguínea quando há queda nos níveis normais.
Quando há a ingestão de álcool, também é o fígado que metaboliza esse consumo. Portanto, ao tentar metabolizar o álcool ingerido, o órgão tem dificuldades para regular a quantidade de açúcar na corrente sanguínea.
Dessa forma, a bebida se torna um ponto muito prejudicial quando é ingerida em excesso. O recomendável é o consumo máximo diário de um drinque para mulheres e dois para homens.
Como é feito o tratamento?
O quadro de pré-diabetes ainda não é a diabetes propriamente dita, mas, ainda assim, os cuidados precisam ser tomados e devem ser seguidos à risca. Ao receber a notícia de que está com pré-diabetes, o indivíduo necessita passar pelo processo de reeducação alimentar, inserir as atividades físicas na sua rotina e cortar os vícios.
Desse modo, já se diminui bastante a probabilidade de avanço para diabetes e outras complicações decorrentes dela.
Contudo, ainda é necessário se habituar com a nova vida, colocando mais alguns passos essenciais no cotidiano — entre eles podem estar medicamentos para controle da glicemia. Levar os cuidados a sério será determinante para o sucesso do tratamento e possível reversão do quadro em uma pessoa pré-diabética.
Nesse sentido, há um intervalo considerável de tempo para se adaptar e trabalhar para que o quadro não evolua. Logo, a dedicação é determinante para ficar longe da diabetes ou, caso evolua, ter os sintomas minimizados e maior controle da doença. Confira o que fazer e quais as medidas de tratamento para o estado de pré-diabetes.
Medição regular do nível glicêmico do sangue
Assim como diabéticos devem monitorar o nível de glicemia no sangue, os pré-diabéticos também precisam tomar esse cuidado, mas pode ser com um pouco menos de rigor. No entanto, realizar a medição regularmente é essencial para acompanhar como está o índice glicêmico e, assim, tomar outras medidas caso ocorram mais alterações.
Além de verificar com regularidade o nível de glicemia no sangue, também pode ser necessário realizar o aferimento da pressão arterial. Isso porque a condição de pré-diabetes e diabetes muitas vezes é relacionada à hipertensão.
Pessoas com o nível glicêmico mais alto têm mais probabilidade de sofrer com problemas cardíacos do que quem tem a glicemia normalizada. Por isso, monitorar a pressão e os níveis de colesterol é fundamental para o tratamento.
Medicamentos à base de Metformina
As medidas preventivas sugeridas — como boa alimentação, prática de exercícios físicos e eliminação de vícios — já são bons caminhos para reverter o estado de pré-diabetes. Contudo, dependendo do quadro, alguns pacientes também precisarão ser medicados. Porém, na maioria dos casos apenas a mudança nos hábitos e no estilo de vida já é suficiente.
Assim, quando há a necessidade de tratamento medicamentoso, são receitados medicamentos já usados por diabéticos como forma de controle. O remédio utilizado pelos diabéticos e que também pode ser usado na pré-diabetes é a Metformina, que tem o efeito de controle glicêmico no sangue.
Essa é uma medicação de uso oral e que deve ser tomada de acordo com o receituário médico, sendo seguida rigorosamente para ter resultados positivos. A medicação tem valores acessíveis e é encontrada com facilidade nas farmácias.
O Orlistat é outro remédio que pode ser receitado, mas ele não está diretamente ligado à regulação da glicose no sangue. Contudo, o medicamento é uma droga que auxilia na perda de peso, o que acaba sendo útil para pacientes que sofrem com sobrepeso e têm dificuldades para emagrecer.
Mudanças no estilo de vida
É preciso lembrar que as drogas que ajustam a glicemia no sangue ajudam para não progredir para o diabetes, mas sozinhas elas não têm um efeito milagroso. Portanto, deve-se adotar as mudanças no estilo de vida para reverter o quadro de pré-diabetes. Ou seja, é preciso praticar as transformações no dia a dia.
Criar uma rotina mais equilibrada que contemple boa alimentação, eliminação de vícios e do sedentarismo e outras medidas é o principal meio de fazer parte dos 50% que não evoluem para diabetes. Entretanto, lembre-se que cada caso é um caso, e cada paciente deve ser avaliado individualmente de acordo com suas particularidades.
Portanto, jamais adote o mesmo tratamento que outra pessoa, pois isso pode acarretar problemas futuramente. Procure por profissionais que possam avaliar a sua condição e passar o tratamento adequado para você.
Somente endocrinologistas, nutricionistas e outros especialistas são capacitados para aplicar os melhores métodos para pessoas pré-diabéticas.
Quais as consequências de não tratar adequadamente?
Para alguns médicos, a definição de pré-diabetes é errônea, pois para eles esse quadro já configura diabetes e traz riscos para o paciente. No entanto, as alterações de glicemia no sangue e a sobrecarga do sistema insulínico podem ser mudadas em metade das pessoas. Ainda assim, as chances do surgimento de doenças em decorrência desse estado são reais.
Problemas de saúde como hipertensão, doenças cardiovasculares, disfunções renais, comprometimento de artérias e nervos e até complicações respiratórias já podem aparecer ainda na pré-diabetes.
Para quem tem predisposição genética e histórico familiar, os cuidados devem ser redobrados. É por isso que muitas das vezes a diabetes se mostra como uma enfermidade tão assustadora.
Apesar de atingir milhões de pacientes, tanto a pré-diabetes quanto a diabetes não impedem que as pessoas levem uma vida normal, dentro das suas possibilidades. Por isso, observar o próprio corpo e possíveis sintomas já dá pistas que algo possa estar fora de ordem, e é preciso verificar se está tudo bem.
Quanto antes descobrir que se tem um quadro de pré-diabetes, mais rapidamente os cuidados serão iniciados e as chances de reverter crescem.
Portanto, não deixe de fazer um check-up regularmente, principalmente se você tem familiares próximos que são diabéticos. Assim, você terá uma vida mais tranquila e conseguirá ter resultados melhores caso se depare com a possibilidade de ter pré-diabetes.
Se precisar de mais informações sobre pré-diabetes ou sobre medicamentos, entre em contato conosco que teremos prazer em ajudar!