Você sabe porque o exame de glicemia em jejum é importante para medir o nível de açúcar na corrente sanguínea? Sabia que ele tem como objetivo fazer o diagnóstico de hipoglicemia ou hiperglicemia, assim comomonitorar o tratamento de diabetes?
Para entender mais sobre a importância de detectar precocemente o diabetes e de realizar o exame de glicemia em jejum, preparamos este guia completo que vai explicar tudo para você. Acompanhe!
Por que o tratamento precoce do diabetes facilita o tratamento?
O diagnóstico precoce do diabetes — uma doença que avança à medida que a população se torna mais sedentária e aumenta seu consumo diário de calorias, é imprescindível para que haja um controle total da glicemia e, consequentemente, se evite possíveis complicações.
As primeiras fases costumam ser silenciosas sendo, na maioria das vezes, quando as complicações se instalam e progridem antes que o diagnóstico detecte. Porém, o risco desses problemas diminui com o controle rigoroso da glicemia.
O quadro clínico é precedido por uma fase assintomática longa, chamada pré-diabetes — elevações da glicemia, resistência à ação da insulina ou ainda diminuição da quantidade de insulina produzida pelo pâncreas.
Segundos os critérios estabelecidos pela OMS antes de 1997, o diagnóstico de diabetes era confirmado ao colher uma glicemia igual ou acima de 140 mg/dl em jejum pela manhã, ou caso a glicemia se igualasse ou ultrapassasse 200 mg/ml, após duas horas da ministração de 75 gramas de glicose via oral.
Já em 1997, o limite em jejum foi reduzido para 126 mg/ml, porque acima desse valor os vasos da retina já começam a ser danificados e o diagnóstico deve ser confirmado pela repetição do teste em outro dia.
Portanto, é diagnosticado o diabetes em pessoas que apresentam glicemia igual ou superior a 200 mg/dl a qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições, sendo que nesse caso não há necessidade de confirmação.
O aumento dos níveis de de glicose na corrente sanguínea pode desencadear danos aos órgãos, caso não seja acudido rapidamente.
Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1 acomete principalmente crianças, adolescentes e jovens adultos, sendo uma enfermidade autoimune que destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Nesse quadro, são necessárias as injeções diárias do hormônio para regular as taxas de glicose no sangue.
Para diagnosticar a doença, a pessoa pode fazer os exames:
- glicemia e jejum, que mede o nível de açúcar no sangue naquele momento;
- hemoglobina glicada, que mostra a quantidade média de açúcar no sangue nos últimos três meses.
Também é necessário verificar se a glicemia ocasional encontra-se elevada mesmo quando a pessoa não está em jejum.A condição aliada ao rápido emagrecimento, fome e sede excessiva e vontade de urinar frequentemente já indicam a presença da enfermidade.
Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 está ligado ao sedentarismo, obesidade e a resistência à ação da insulina, principalmente nos indivíduos que já tenham mais de 50 anos.
O problema é que metade dos pacientes desconhece que tem a doença por apresentar pouco ou sintoma algum da patologia, o que pode significar um período de 5 a 7 anos entre o início da doença e seu diagnóstico.
Em vista disso, não se pode esperar um quadro clínico, mas sim definir grupos de risco:
- pessoas com idade acima de 50 anos;
- histórico familiar;
- obesidade;
- hipertensão arterial;
- aumento do colesterol;
- ovários policísticos.
Para rastrear o distúrbio nessas pessoas, é feita a dosagem da glicose em jejum com o teste de glicemia.
O que é o exame de glicemia em jejum e para que serve?
Uma diminuta quantidade de sangue é coletada a partir de uma leve perfuração em um dos dedos ou pela punção de uma veia, que vai ser posteriormente analisado em laboratório.
No caso de haver uma punção venosa, a região deve ser limpa com o auxílio de um antisséptico, podendo ser o álcool. Em seguida, se amarra uma faixa elástica em torno do bíceps, para reter a circulação e assim sobressair as veias que serão puncionadas por meio de uma agulha estéril.
Desse modo, o plasma será introduzido a vácuo para dentro de um tubo específico ou puxado para o interior de uma seringa. Pode haver uma ligeira dor nessa ação mas, assim que a coleta for realizada, a agulha vai ser removida e um curativo vai ser colocado sobre o local que deverá permanecer lá por no mínimo 2 horas.
A pessoa deve estar em jejum por pelo menos oito horas. Em outras palavras, ela não deve comer ou beber qualquer coisa durante este período, em hipótese alguma. É permitido somente pequenas quantidades de água, embora isso também não seja recomendado.
O ideal é fazer o exame no período da manhã, antes do café da manhã, cumprindo à noite o período de jejum estabelecido. Nos dias de hoje, há opção de dosar em casa os níveis de glicemia, por meio de medidores de glicose especialmente desenvolvidos para este fim.
Como se preparar para a realização do exame?
Como dissemos anteriormente, glicemia de jejum é um exame de sangue que tem como objetivo medir o nível de glicose na corrente sanguínea, quedeve ser realizado depois de um jejum de 8 a 12 horas de duração, ou conforme a recomendação do endocrinologista.
O teste é muito utilizado para definir o diagnóstico de diabetes, assim como para acompanhar as taxas de açúcar na corrente sanguínea dos seus portadores ou daqueles que apresentem tendência para desenvolver a patologia.
Além disso, para que o resultado seja mais confiável, o exame pode ser solicitado em conjunto com outros testes que também analisam alterações no organismo:
- teste de tolerância oral à glicose (ou TOTG);
- hemoglobina glicada, principalmente se for observada alguma modificação no exame de glicose em jejum.
Como interpretar os resultados?
Os números serão considerados normais se estiverem entre 70 e 100 mg/dL. Já o valor valor entre 100 e 125 mg/dL sinaliza uma condição pré-diabética, em direção ao diabetes mellitus. Os pacientes, cujos valores estejam nesse intervalo devem ser acompanhados com outros testes. Caso o valor estiver acima de 125 mg/dL o diabetes estará detectado mas o exame de glicemia em jejum deverá ser feito novamente para confirmar o diagnóstico.
É bom saber que outras causas do aumento de glicemia são o hipertireoidismo ou outros problemas na tireoide, distúrbios renais, pancreatite e até câncer de pâncreas. Em casos raros, os altos índices de glicose no sangue podem ser um alerta de insuficiência renal.
Já os níveis mais reduzidos de açúcar no sangue não são tão comuns e podem ser ocasionados pelo uso excessivo de insulina em diabéticos, fome, hipopituitarismo, hipotireoidismo, abuso de álcool e doença hepática.
Antes do realizar o procedimento. a pessoa deve informar as medicações que está tomando no momento, assim como as de uso contínuo,uma vez que certos remédios podem afetar os níveis de glicemia no sangue — os corticoides, diuréticos, anticoncepcionais, entre outros. O estresse agudo também pode gerar um aumento temporário da glicose no sangue mas, tudo isso deverá ser analisado pelo médico.
Quais as eventuais complicações do exame da glicemia de jejum?
Em geral, não há riscos para a realização do exame de glicemia em jejum. No entanto, pode acontecer um pequeno extravasamento de sangue na região da punção venosa e um breve incômodo na hora de introduzir a seringa.
No caso do paciente ser muito obeso existirá certa dificuldade de fazer a punção venosa, exigindo mais picadas e causar múltiplas feridas. Outros pequenos incidentes podem ser o sangramento excessivo, tontura ou desmaio, além de hematomas.
O que fazer caso o diagnóstico dê positivo?
Ao receber o diagnóstico positivo, o diabético não deve se desesperar, tendo em vista que a doença pode ser controlada. Claro que alguns hábitos deverão ser modificados no dia a dia, sendo que nada tende a ser um sacrifício imenso. Portanto, fique calmo e saiba o que deve ser feito!
Pré-diabetes
O pré-diabetes indica que o indivíduo apresenta uma chance maior de desenvolver a patologia, sendo este um estado intermediário entre estar saudável e estar doente. No caso do tipo 1 não existe pré-diabetes, o indivíduo já tem impossibilidade de produzir insulina.
Se o exame de glicemia em jejum apresenta valores entre 100 e 125 mg/dL o diabetes tipo 2 é diagnosticado como pré-diabetes. A situação pode ser revertida com a prática de atividade esportiva, alimentação saudável e redução do peso. Ao sair dessa condição, a pessoa pode nunca mais tornar-se diabética ou ainda retardar seu surgimento.
No entanto, se a doença for considerada crônica, mesmo que ainda não exista uma cura real, há tratamento adequado e cuidados certos para que o portador conviva com o problema da melhor maneira possível, e evite suas complicações.
Nos dias de hoje, há um tipo de cirurgia bariátrica, responsável por controlar de modo considerável o diabetes tipo 2. Contudo, ela é apenas indicada para pessoas de obesidade mórbida, que não apresentam condições de alterar seus hábitos diários.
Uso de insulina
Os indivíduos recém-diagnosticados com diabetes tipo 2 não precisam necessariamente tomar insulina. Isso é necessário unicamente quando o diabetes está descompensado sendo que essa condição pode ser constatada por meio do exame de glicemia capilar ou de hemoglobina glicada, que mostra a curva glicêmica durante os últimos 3 meses.
Somente os que possuem diabetes tipo 1, a aplicação da insulina é necessária diariamente porque seu corpo não produz mais esse hormônio.
É relevante destacar que a aplicação de insulina não implica em qualquer tipo de dependência química ou psíquica. A substância é responsável por facilitar a entrada da glicose na célula, sendo uma fonte de energia.
O açúcar e a dieta
A dieta recomendada para o diabético é a que substitui o açúcar por adoçante e a farinha branca por integral, uma vez que esses carboidratos simples se transformam em glicose de maneira muito rápida, criando um ápice na corrente sanguínea que resulta em maior produção de insulina.
Bebidas alcoólicas
A ingestão de bebida alcoólica, principalmente em jejum, pode levar à hipoglicemia porque o álcool tende a reduzir as taxas de açúcar no sangue mas, seu excesso pode provocar também a hiperglicemia, tendo em vista que as bebidas contêm muito açúcar em suas fórmulas. Por isso, é muito importante fazer o monitoramento de glicemia antes e depois de consumir álcool e nunca beber de estômago vazio.
Atividade física
O diabetes não é uma enfermidade que impede a pessoa de viver uma rotina comum! Pelo contrário, se a doença estiver controlada, é possível conviver com ela sem maiores problemas. Tanto é assim que todos os portadores de diabetes devem praticar esportes ou fazer qualquer outra atividade física diariamente e com moderação.
A prática diária de exercícios controla o índice de glicemia e ajuda na perda de peso — importantíssimo para prevenir as complicações que o excesso de peso pode causar. Não ter vida sedentária contribui demais com a qualidade de vida do paciente pois torna possível reduzir o uso de insulina, inclusive para os diabéticos tipo tipo 1.
Estresse
Não há dúvidas de que o estresse— a enfermidade do século XXI,desestabiliza o organismo de qualquer pessoa. Em se tratando do diabético, então, a situação é ainda mais preocupante.
O estresse é uma resposta do organismo ao excesso de pressão, seja ela de qualquer natureza. Os desencadeantes da condição podem ser físicos ou psicológicos. Assim que ele surge, o corpo se prepara para atacar-ou-correr, desencadeando a liberação de níveis elevados de hormônios que servem para mobilizar uma grande quantidade de energia armazenada.
No diabetes, os hormônios produzidos pelo estresse (DM1 e DM2) provocam o aumento dos níveis de glicose no sangue, descontrolando a glicemia e impedindo que o organismo lance insulina. Também impactam a glicemia diretamente, uma vez que o DM1 pode aumentar ou diminuir muito a glicose enquanto que o DM2 tende apenas a elevar a glicemia.
Pessoas estressadas, geralmente não conseguem se cuidar de modo correto. Acabam abusando do álcool ou não praticando atividades físicas e, além disso, costumam se esquecer de medir a glicose regularmente.
Enfim, este conteúdo mostrou a importância e a finalidade de realizar o exame de glicemia em jejum, que o diagnóstico precoce é essencial para prevenir complicações, além de que o diabetes pode ser controlado e seu portador ter uma vida normal e saudável como qualquer outra pessoa, durante toda a sua vida.
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