A saúde é resultado do funcionamento perfeito de nosso organismo e a geração de energia e o transporte de nutrientes estão entre as ações fundamentais para o correto funcionamento do corpo. Como as moléculas de gordura são responsáveis por essas funções, é preciso sempre avaliar o conteúdo lipídico do sangue, por meio de um exame chamado lipidograma ou perfil lipídico.
O lipidograma — também conhecido por colesterol total e frações — é um grupo de exames pedidos frequentemente em conjunto para avaliar o risco de doenças que afetam a saúde do coração, como infarto, AVC e trombose venosa.
Por meio de um hemograma, são avaliados os níveis de colesterol e triglicerídeos, por exemplo, que, em desequilíbrio, trazem sérios riscos à vida da pessoa.
Por isso, elaboramos este guia para você entender sobre lipídios e o perfil lipídico, descobrindo quando ele é necessário e quais taxas serão avaliadas pelo médico. Também há dicas para mudar o seu estilo de vida, no caso de o lipidograma mostrar-se alterado. Boa leitura!
O que é perfil lipídico?
O perfil lipídico é um conjunto de 4 a 6 exames, também conhecido como lipidograma, cuja função é mostrar a quantidade de lipídios no sangue. A partir daí, torna-se possível avaliar se as moléculas de gordura estão com os valores considerados normais ou não.
O lipidograma com taxas dentro da normalidade afasta o risco de a pessoa desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto, angina, trombose venosa e Acidente Vascular Cerebral (AVC), causadas pelo endurecimento das artérias (aterosclerose) ou bloqueio dos vasos sanguíneos que irrigam todo o organismo.
No lipidograma é possível observar os valores do colesterol total, HDL (chamado de “colesterol bom”), LDL (conhecido como “colesterol ruim”) e triglicerídeos. Já um perfil mais profundo pode incluir a dosagem do colesterol VLDL e do não-HDL.
Os exames também podem estabelecer uma relação entre o colesterol total e o HDL ou um percentual de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares baseado no sexo, na idade e alguns fatores de risco, como veremos a seguir.
Veja as principais características de cada tipo de molécula de gordura analisada no perfil lipídico.
1. Colesterol LDL
Apesar da fama de vilão, o chamado “mau colesterol” — low density cholesterol, em inglês — tem importante função para o organismo, pois é o principal componente na formação de vários hormônios, como cortisol, estrógeno, testosterona, vitamina D e ácidos biliares.
O problema está quando se torna elevado na corrente sanguínea, sobretudo em pessoas com o risco de desenvolvimento de problemas de saúde mais graves. Isso porque quando se encontra em excesso no sangue, o LDL causa a oxidação das células de gordura, favorecendo o aparecimento das placas no interior dos vasos sanguíneos.
2. Colesterol não-HDL
É considerado a soma de todos os tipos de colesterol, com exceção do HDL. Assim como o LDL, é uma taxa observada com cuidado, pois é considerada pelos profissionais de saúde como um indicativo de risco para doenças do coração. Por isso, ao menor de sinal de elevação do não-HDL, os médicos orientam acompanhamento e tratamento ao paciente.
3. Colesterol VLDL
O VLDL tem como principal função transportar os triglicerídeos para todos os tecidos do corpo, por meio da corrente sanguínea, fornecendo energia para as células. Produzido no fígado, esse tipo de colesterol faz parte do grupo não-HDL, ou seja, o chamado colesterol “mau”.
Dessa forma, a taxa de VLDL deve ser mantida baixa — até 30 mg/dl — para não apresentar nenhum risco à saúde da pessoa. Geralmente, a elevação desse colesterol no organismo se deve a uma alimentação rica em gorduras e carboidratos e a um estilo de vida sedentário e estressante.
4. Colesterol HDL
O HDL (ou high density cholesterol) é conhecido como “bom” colesterol, pois representa proteção contra doenças cardíacas. De todos os tipos de colesterol, é o único que deve estar sempre com uma taxa elevada, sendo o valor acima de 40 mg o mais recomendado para homens e mulheres.
Sua função é retirar moléculas de gordura (incluindo o LDL) da corrente sanguínea, transportando-as para o fígado, onde são metabolizadas e eliminadas, naturalmente, do organismo.
Com isso, o HDL acaba impedindo que se acumulem placas de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, diminuindo a ocorrência de problemas como infarto e aterosclerose, por exemplo.
5. Colesterol total
É a soma dos três tipos de colesterol mencionados — LDL, HDL e VLDL — e quando está alto também aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Contudo, o médico costuma ficar atento ao fato de que quando o HDL está muito alto, influencia o valor do colesterol total.
Por isso, é sempre bom comparar ambas as taxas do lipidograma para se chegar a um diagnóstico.
6. Triglicerídeos
Também chamados de triglicérides, eles são uma importante fonte de energia para os músculos e, consequentemente, para o corpo humano. Contudo, essas moléculas, que são o principal “combustível” para o organismo, quando se encontram em excesso, passam a ser armazenadas no tecido adiposo, em forma de gordura.
No sangue, acumulam-se nos vasos, ocasionando diversas doenças cardiovasculares, além de pancreatite.
Para que serve o perfil lipídico?
O exame de perfil lipídico tem grande importância para o médico avaliar o grau de risco do desenvolvimento de diversas doenças no paciente.
Ao analisar as diferentes taxas do lipidograma, o profissional de saúde consegue alertar e orientar a pessoa acerca das mudanças necessárias na dieta e no estilo de vida como forma de evitar complicações de saúde.
Como é feito o lipidograma?
O exame de sangue é o meio pelo qual se determina o perfil lipídico de uma pessoa. O procedimento pode ser feito ou não em jejum, segundo determinação do “Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico”.
O lipidograma é feito a partir da coleta de sangue de uma veia do braço ou pode ser feito em uma gota obtida por meio de punção de um dedo, com um medidor de perfil lipídico. Esse último procedimento geralmente é feito quando o perfil é medido em aparelhos portáteis, utilizados em feiras de saúde.
Normalmente, pede-se que o paciente mantenha uma dieta habitual nos cinco dias que antecedem o exame, excluindo a ingestão de bebidas alcoólicas durante as 72 horas anteriores à coleta. Deve-se evitar desgaste físico intenso nas 24 horas que antecedem o exame e caso seja solicitado o jejum, não é recomendado que seja superior a 14 horas.
Quando é necessário fazer?
O acompanhamento do perfil lipídico costuma ser solicitado para adultos saudáveis — sem histórico ou risco de doenças cardíacas — em intervalos de cinco anos. Contudo, para aqueles que têm algum fator de risco ou tenham demonstrado alteração nas taxas de colesterol em exames anteriores, esse intervalo deve ser menor.
A triagem e supervisão deverá ser orientada pelo médico. Normalmente, pede-se que o paciente realize checkups anuais a partir dos 30 anos de idade.
Embora esse tipo de exame não seja solicitado para crianças e adolescentes, quando há histórico de doenças cardíacas e desencadeadas por colesterol alto na família, torna-se comum o médico solicitar o acompanhamento do perfil lipídico desde cedo. Esse cuidado é importante para saber mais sobre o coração e possíveis anomalias do paciente.
De acordo com a recomendação da American Academy of Pediatrics (EUA), crianças com alto risco de desenvolver doenças cardiovasculares devem realizar o primeiro lipidograma entre 2 e 10 anos de idade.
Isso porque, segundo estudos, o processo de desenvolvimento da aterosclerose se inicia na infância, com a constatação de estrias de gorduras na aorta de crianças com idade a partir de 3 anos de idade.
Quais os resultados proporcionados pelo lipidograma e como ele pode ser um aliado na prevenção de doenças?
A partir do lipidograma, será possível comparar as taxas do exame do paciente com os valores considerados normais — abaixo do risco de desenvolvimento das doenças já citadas — pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Embora haja números determinados para avaliar a condição de saúde da pessoa, normalmente, o nível desejado de colesterol “mau” (LDL) será avaliado em conjunto com os outros resultados do perfil, além dos fatores de risco e estilo de vida.
Veja, a seguir, os níveis considerados ideais para afastar possíveis doenças, de acordo com os fatores de risco individuais.
Colesterol total
Valor abaixo de 190 mg/dl
LDL
Pessoas com risco muito alto: abaixo de 50 mg/dl
Pessoas com risco alto: abaixo de 70 mg/dl
Pessoas com risco intermediário: abaixo de 100 mg/dl
Pessoas com risco baixo: abaixo de 130 mg/dl
HDL
Desejável que esteja acima de 40 mg/dl
Triglicerídeos
Abaixo de 150 mg/dl em jejum
O colesterol chamado não-HDL deve estar com o valor 30 mg/dl acima do considerado ideal para o colesterol. Por exemplo, se o máximo da taxa recomendada para a pessoa for de 100 mg/dl, o não-HDL será considerado normal se estiver até 130 mg/dl.
Com o perfil lipídico em mãos é possível a pessoa se prevenir contra uma série de doenças desencadeadas pelo acúmulo de gordura em seu organismo, principalmente males cardíacos que podem se manifestar repentinamente, colocando em risco a vida do paciente.
Quais os fatores de risco para doenças arteriais coronarianas?
Há muitas doenças que têm como causa a predisposição genética, sendo mais difícil antecipar possíveis complicações na saúde da pessoa. Contudo, no caso do colesterol desequilibrado, há fatores de risco que estão diretamente ligados a hábitos de vida nocivos.
Nesse caso, mudanças simples no dia a dia podem fazer muito pela saúde do paciente, trazendo-lhe mais qualidade de vida e protegendo o organismo de prejuízos futuros.
Os principais fatores de risco incluem:
- idade (risco maior para homens com idade a partir de 45 anos e mulheres com 55 anos ou mais);
- tabagismo;
- hipotireoidismo ou hipertireoidismo;
- colesterol HDL baixo (menor que 40 mg/dl);
- histórico de diabetes;
- hipertensão arterial (pressão arterial a partir de 140/90);
- uso contínuo de antidepressivos;
- sedentarismo;
- uso de anabolizantes;
- sobrepeso e obesidade;
- histórico familiar de doenças cardíacas;
- infarto anterior;
- dieta rica em alimentos que aumentam o colesterol, gordura saturada e trans.
O que fazer quando o lipidograma está alterado?
Geralmente, quando os níveis de colesterol estão elevados, o paciente precisa reavaliar a dieta, incorporar atividades físicas no cotidiano e, quando necessário, fazer uso de medicamentos prescritos por um médico.
Por conta disso, quando os níveis de colesterol LDl estão muito altos, a pessoa costuma ser encaminhada para uma nutricionista para receber uma orientação dietética adequada. Dessa forma, quando houver alteração (por menor que seja) no perfil lipídico, as principais indicações para mudar esse cenário incluem os tópicos abaixo.
Mudanças na alimentação
Muita gente não sabe, mas nosso fígado produz cerca de 70% do colesterol utilizado pelo organismo, sendo os outros 30% oriundos diretamente do que comemos. Por isso, para diminuir o colesterol ruim, alterar hábitos alimentares é essencial.
O ideal é evitar alimentos ricos em gordura, como frituras, carboidratos e açúcares em excesso, carnes gordas e produtos industrializados, em geral. Do mesmo modo, deve-se aumentar o colesterol bom, por meio da ingestão de uma alimentação rica em gorduras boas e fibras, encontradas no azeite, vegetais, frutas frescas, sementes e peixes.
Entretanto, acima de tudo, o cardápio deve ser variado e com as quantidades certas, fatores que só podem ser estipulados por um profissional que fará as recomendações adequadas à realidade do paciente.
Corpo em movimento
Outra mudança que deve ser introduzida é a prática de atividades físicas, ao ar livre ou em locais fechados (clubes, academias), de acordo com a preferência da pessoa. O importante é abandonar o sedentarismo, praticando uma modalidade esportiva pelo menos de 3 a 6 vezes por semana, totalizando 150 minutos de exercícios físicos por semana.
Ao praticar uma atividade física de forma constante, o organismo fica protegido do acúmulo de gordura na corrente sanguínea. Isso porque, durante o exercício, a circulação sanguínea fica ampliada, bombeando de forma mais intensa o fluxo de sangue nas artérias.
Assim, evita que o LDL e os triglicerídeos se acumulem na parede dos vasos sanguíneos e obstruam a passagem normal do sangue.
Uso de medicamentos
Quando a dieta restrita e a atividade física não são suficientes para abaixar os níveis de colesterol, o médico pode recomendar o uso de remédios. Os mais utilizados costumam ser as estatinas — como Rosuvastatina, Sinvastatina ou Atorvastatina — e os fibratos, como o Bezafibrato ou Ciprofibrato.
Após o início do uso dos medicamentos indicados, a pessoa costuma realizar exames regulares para avaliar os resultados. Conforme o nível desejado for atingido, o médico pode adequar a dose do medicamento ao novo cenário do paciente.
Manter a saúde em dia não é difícil, basta realizar exames rotineiramente e seguir as recomendações médicas para reverter um quadro de alterações que prejudiquem o funcionamento correto do organismo.
No caso do lipidograma, ao entender como estão os níveis de colesterol do seu corpo, você consegue diminuir as chances de desenvolver doenças cardíacas e dá o primeiro passo para mudar um estilo de vida que, certamente, ajudará a manter o organismo livre de outros males modernos, como pressão arterial, diabetes e obesidade.
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