A hipoglicemia não é uma doença, mas uma condição de saúde que pode atingir pessoas com diabetes ou, até mesmo, aquelas que não são diabéticas. Os sintomas envolvem tontura ou vertigem, tremedeira, nervosismo e ansiedade, suores e calafrios, visão embaçada, convulsões, entre outros.
Se você sente isso com frequência ou conhece alguém que apresente esse quadro, é recomendado ficar em alerta, pois pode ser sinal de hipoglicemia.
Apesar de ser um problema grave, já que pode ocasionar perda da consciência, coma e até morte, ele é pouco conhecido.
Exatamente por isso é fundamental conhecer as causas, os sintomas, os procedimentos em caso de manifestação e os tratamentos possíveis, para que se dê a atenção adequada ao paciente que apresenta esse quadro clínico.
Quer entender melhor sobre a hipoglicemia? Continue a leitura, pois nós vamos explicar tudo o que você precisa saber!
O que é hipoglicemia?
A palavra hipoglicemia vem do grego (hypo + glycys + haima) e significa baixo nível de açúcar no sangue de uma pessoa. Considera-se normal a glicemia que esteja entre 70 e 100 mg/dl. Portanto, desenvolve quadro hipoglicêmico o paciente que apresenta valores inferiores a 60 mg/dl.
Nos indivíduos saudáveis, esse nível se mantém estável a partir da atuação de hormônios, entre os quais estão a insulina e o glucacon. Esse processo se dá constantemente após a ingestão de alimentos, especialmente aqueles que contêm carboidratos. Ao consumi-los, o organismo humano faz com que a glicose seja absorvida no intestino delgado e, após, ela é liberada na corrente sanguínea.
Assim, a concentração da glicose no sangue se eleva, causando a hiperglicemia transitória, já que se estende por algum período de tempo. Para controlar isso, o pâncreas libera a insulina, que ajuda a glicose a adentrar as células do organismo humano.
Dessa maneira, ou armazenando essa glicose como glicogênio no fígado, esse hormônio promove a redução da glicemia.
Isso explica o fato de um indivíduo que não se alimenta por muitas horas apresentar baixo índice de açúcar no sangue. Afinal, as células do seu copo passam a consumir a glicose existente para que ele tivesse energia necessária para exercer suas funções normalmente.
Em consequência, automaticamente o pâncreas elimina glucagon, que atua de maneira oposta à insulina, com o objetivo de evitar a hipoglicemia.
Nesse processo, o fígado libera glicose, fazendo a chamada gliconeogênese. Além disso, as reservas de gordura presentes no corpo são transformadas na substância que é capaz de fornecer energia para as células.
Todo esse mecanismo de controle da glicemia ajuda a entender como é mais difícil que uma pessoa saudável tenha hipoglicemia, uma vez que o corpo utiliza suas próprias reservas quando necessário. Sabe-se, inclusive, que ela consegue passar vários dias sem comer e não ter hipoglicemia.
Já no caso dos diabéticos, a situação é diferente: a glicemia se mantém acima de 126 mg/dL, mesmo em jejum. Embora seja um valor bastante alto, uma pessoa com essa condição de saúde pode, sim, ter quadro hipoglicêmico.
Isso ocorre porque essa doença exige que medicamentos ou doses de insulina sejam ministrados para controlar a glicemia do paciente. Contudo, pode ocorrer a ingestão ou injeção de mais substâncias do que o necessário, fazendo com que o quadro de glicemia muito alto se converta em muito baixo. A partir de então, identifica-se a hipoglicemia.
Ela também pode ocorrer para o indivíduo com diabetes caso ele passe muitas horas sem se alimentar. Como a glicose vem dos alimentos, nesse caso, a sua quantidade não será suficiente para manter os níveis normais de que o corpo precisa.
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Quais são os tipos de hipoglicemia?
Como visto, dependendo do perfil da pessoa e de seus hábitos alimentares, há distintos tipos de hipoglicemia. Há também o caso de pacientes que desenvolvem essa condição horas após a alimentação, e, ainda, o caso dos recém-nascidos. Vamos entender melhor cada um deles.
Hipoglicemia em jejum para não diabéticos
Depois de entender a dinâmica do corpo no controle da glicemia, é possível compreender como o jejum por longo tempo pode provocar a hipoglicemia, já que o corpo não encontra a reserva de glicose necessária para exercer suas funções.
Porém, não é somente nesses casos que as pessoas podem apresentar essa condição de saúde. A hipoglicemia pode surgir em pessoas não diabéticas devido a problemas como o alcoolismo, a desnutrição, a deficiência de cortisol, a medicamentos específicos etc.
Hipoglicemia em jejum para diabéticos
Se o jejum já é perigoso no caso de pessoas saudáveis, é ainda mais no caso dos diabéticos. Afinal, a insuficiência de alimentos representa uma reduzida quantidade de glicose no sangue. E, como esses pacientes já fazem uso de medicamentos ou injeções de insulina para controlar os altos níveis de glicemia, a soma dessa condição à falta de alimentação pode ser grave.
Hipoglicemia pós-prandial ou reativa
A hipoglicemia pós-prandial ou reativa é mais rara, mas atinge algumas pessoas. Nesse caso, elas apresentam baixa glicemia após as refeições, mais precisamente entre três e cinco horas depois da ingestão dos alimentos.
A dinâmica é a seguinte: principalmente após o consumo de carboidratos simples, o corpo produz grande quantidade de insulina para absorvê-los. Isso pode provocar picos de insulina seguidos de quedas da glicemia.
Essa condição geralmente acomete pacientes com predisposição, quando ingerem alimentos com alto teor de açúcar. Ela também pode se manifestar em indivíduos que passaram por cirurgia bariátrica, ou em fase inicial de resistência à insulina.
Hipoglicemia em recém-nascidos
Os recém-nascidos também podem apresentar hipoglicemia, em decorrência do hiperinsulinismo, ou seja, da produção exagerada de insulina, que faz com que o nível de glicose no sangue seja controlado além do necessário.
O problema também pode ocorrer devido a distúrbios hereditários ou a dificuldades na regulação da glicemia provocadas pela deficiência na produção de glucagon, corticoides ou hormônio do crescimento, por exemplo.
A gravidade dessa condição dependerá da intensidade da queda do nível de açúcar no sangue do bebê, da frequência com que isso ocorre e da idade da criança. Por isso, um acompanhamento médico constante é a solução para controlar a situação, principalmente no caso de recém-nascidos que se encontram no grupo de risco ― prematuros, mãe com diabetes, gestação em condições estressantes e histórico familiar de doenças no pâncreas.
Hipoglicemia como efeito colateral de medicamentos
As baixas constantes nos níveis glicêmicos também podem ser provocadas por medicamentos para tratamento de doenças ou de uso regular para algumas condições de saúde. Trata-se dos efeitos colaterais deles que afetam a produção de insulina e glucagon, acarretando a hipoglicemia.
Exemplos desses medicamentos são a quinina, usada para tratar a malária, e o gatifloxacino, antibiótico indicado para o tratamento de conjuntivites bacterianas. A indometacina, substância contida em medicamento antirreumático destinado a tratar artrite e artrose, também causa redução do açúcar no sangue.
Um remédio que também apresenta esse efeito colateral é a pentamidina. Trata-se de uma medicação antimicrobiana utilizada para prevenir e tratar a pneumonia que afeta pacientes com infecção por HIV.
Hipoglicemia por consumo excessivo de álcool
O consumo excessivo de álcool é outro fator que pode gerar a hipoglicemia. Isso ocorre porque esse consumo faz com que o fígado prefira metabolizar a substância, a qual, em grande quantidade, acaba por sobrecarregá-lo.
Em consequência disso, a absorção de vitaminas e minerais pelo organismo fica prejudicada. Ademais, esse órgão deixa de exercer suas outras funções, como o fornecimento de glicose às células.
Quais são os sintomas?
Geralmente, o indivíduo que apresenta quadro de hipoglicemia torna-o evidente por meio de alguns sintomas característicos. Eles envolvem:
- tremedeira;
- confusão mental e delírios;
- fome;
- náusea;
- visão embaçada;
- dor de cabeça;
- convulsões;
- taquicardia;
- suores e calafrios;
- inconsciência;
- formigamento ao redor da boca;
- palidez;
- baixa coordenação motora.
Portanto, essas podem ser algumas evidências de que a pessoa está hipoglicêmica, mas é preciso ter cuidado ao tirar essa conclusão, uma vez que esses sintomas também podem surgir devido a outros fatores. O importante é ter atenção a eles e saber quando procurar um médico.
Também é possível que um indivíduo tenha hipoglicemia, mas ela não se evidencie de maneira perceptível. Nesse caso, o paciente pode não acordar do sono, caso os níveis de açúcar no sangue se reduzam enquanto estiver dormindo.
Isso ocorre com maior frequência em pacientes que já apresentam baixa de glicose regularmente, o que faz com que a sensibilidade aos sintomas seja reduzida. Também pode acontecer com diabéticos que possuem a doença há muito tempo ou que controlam a doença de maneira muito rígida. Ou seja, mais uma vez, é fundamental consultar-se com um médico para analisar esses fatores.
Quando buscar um médico?
Como exposto, a hipoglicemia pode se manifestar tanto em indivíduos saudáveis quanto em diabéticos e até mesmo em recém-nascidos. Além disso, são vários os sintomas que revelam que algo não vai bem quando se trata da glicemia. Ainda, eles podem nem mesmo existir.
Sendo assim, ocorrendo um ou mais episódios das evidências listadas acima, é melhor se prevenir e buscar atendimento médico. Isso é ainda mais relevante quando se considera que essa condição de saúde pode indicar até mesmo um problema mais grave.
Esse profissional saberá, a partir de análises clínicas e exames, reconhecer o problema, caso ele exista. Será ele, também, que receitará o tratamento mais adequado ao seu caso específico.
Como é feito o diagnóstico?
A cooperação e a atuação conjunta do paciente e do médico são fundamentais para o diagnóstico da hipoglicemia. Então, primeiramente, cabe à pessoa estar atenta ao surgimento de alguma evidência dessa condição e, caso possua um aparelho para medir glicose à mão, fazer uso dele e registrar os valores obtidos.
Em seguida, é necessário buscar o devido atendimento de maneira imediata, para que o quadro possa ser identificado precocemente. Nesse momento, o paciente deverá informar ao profissional da saúde todo o seu histórico médico, incluindo o uso de medicamentos regulares, se for o caso, bem como os sintomas que tenha observado.
No caso de pessoas que já tenham diabetes, o ideal é detalhar o processo percorrido desde a descoberta até o tratamento. Também é importante apresentar ao atendente os resultados dos exames de sangue feitos recentemente.
De posse dessas informações, caberá ao médico realizar alguns procedimentos. Na hipótese de o paciente não sentir os efeitos da hipoglicemia no momento do atendimento, o profissional pode mantê-lo em observação, internado pelo período de uma noite ou até mesmo por mais tempo, para aguardar até que os sintomas se manifestem e o diagnóstico possa ser preciso.
Além da observação clínica, o médico pode realizar testes dos níveis de glicose no sangue do paciente, principalmente no caso da hipoglicemia reativa. Aqui, e também nos outros casos, a observação clínica é a primeira etapa para a identificação do problema. Somada a ela, podem ser exigidos alguns exames, entre os quais o mais comum é o de glicemia em jejum.
Para que seja feito, uma amostra de sangue é retirada e enviada para análise em laboratório, onde uma máquina específica verificará o nível de açúcar. O resultado deve ser obtido em um intervalo que pode ir de 30 minutos a 24 horas após a realização do exame.
Depois de tudo isso, ainda na observação médica, o profissional responsável por atender a pessoa analisará se, ao final dos procedimentos, os níveis de glicose no sangue dela se elevaram, em resposta ao tratamento ali aplicado instantaneamente, e se os sintomas desapareceram. A partir de então, será possível concluir o atendimento e chegar a um diagnóstico de hipoglicemia.
Como funciona o tratamento de hipoglicemia?
Os tratamentos adotados no caso de um quadro de hipoglicemia são todos no sentido de buscar elevar os níveis de açúcar no sangue do paciente. Ainda, eles dependem muito do fator que acarretou o quadro hipoglicêmico na pessoa.
Por isso, dependendo dos sintomas apresentados, se eles forem mais simples, como uma tremedeira ou tontura, por exemplo, pode-se resolver o problema por meio da ingestão de alimentos com açúcar, como doces e sucos de frutas. O consumo de sachês de glicose ou carboidrato rápido também são uma ótima solução, por serem metabolizados celeremente.
No entanto, vale lembrar que, quando houver suspeita de hipoglicemia, de nada adianta a pessoa comer de maneira exagerada. Esse comportamento, além de não influenciar a velocidade com que o problema será resolvido, poderá reverter a situação para um quadro de hiperglicemia, que também é muito perigoso para a saúde.
Sugere-se ingerir de 15 a 20 gramas de glicose e aguardar em torno de 15 minutos. Somente se a baixa glicemia persistir é que deve ser administrada nova dose de glicose. Se não houver solução após 3 doses, será necessário buscar um atendimento médico para o devido tratamento.
No caso de sintomas mais graves, como convulsões ou desmaios, medidas mais severas podem ser adotadas, tendo em vista que a anterior não será suficiente. É o caso da injeção de glicose ou glucagon na veia.
Somadas a isso, alterações na rotina, incluindo exercícios físicos e dieta, podem ser determinadas pelo médico, para que o tratamento se dê a longo prazo e os episódios de hipoglicemia fiquem controlados, extinguindo-se ou não se repetindo com tanta frequência.
Na hipótese de a baixa da glicemia decorrer do uso de medicamentos específicos que geram esse efeito colateral, uma maneira de resolver a questão pode ser a diminuição da dosagem, se possível, ou até mesmo a troca dele por outro que não acarrete a redução dos níveis de açúcar no sangue.
Se a condição de hipoglicemia surgir devido a tumores no pâncreas, o tratamento deverá ser feito apenas por meio de cirurgia para a retirada do tumor.
Para outras patologias ou alterações que provoquem constantes quedas glicêmicas, como disfunções hepáticas ou renais, ou o diabetes, os medicamentos específicos para a hipoglicemia poderão ser úteis.
Como prevenir?
Como um dos principais fatores que podem gerar a hipoglicemia é a falta de glicose para consumo pelas células do corpo, evitar ficar muitas horas sem se alimentar é uma boa maneira de prevenir essa condição. Portanto, pessoas que têm tendência à baixa glicemia em jejum devem ingerir alimentos em intervalos não maiores que 3 horas ao longo de todo o dia.
Ademais, pular refeições nunca é uma boa ideia. Para conseguir seguir uma dieta equilibrada e que forneça energia para todas as atividades diárias, é recomendado ter um acompanhamento nutricional e seguir um plano alimentar elaborado de acordo com as necessidades energéticas de cada indivíduo.
Para os diabéticos que fazem uso de injeção de insulina, é possível prevenir a baixa da glicemia a partir do controle da quantidade da substância a ser injetada, fazendo-o de acordo com a orientação médica. Isso evita que o organismo tenha um desequilíbrio na quantidade de glicose que circula pelas células.
No caso de pessoas que apresentem hipoglicemia pós-prandial ou reativa, é importante trocar alimentos de alto valor glicêmico, como bolos, massas e outros, por carboidratos com baixa carga glicêmica e ricos em fibras, como pães integrais, legumes e verduras por exemplo. Dessa maneira, a velocidade de liberação de insulina no organismo é reduzida, mantendo a glicemia sob controle.
Para aqueles indivíduos que geralmente apresentam baixo índice glicêmico durante a noite, é fundamental alimentar-se bem, com alimentos leves e que combinem carboidratos e proteínas antes de dormir, e nunca se deitar com fome.
Isso também vale para os praticantes de exercícios físicos, que devem ingerir uma quantidade de alimentos suficiente antes da prática. Afinal, o corpo precisa de energia para realizar suas funções normais, como os batimentos cardíacos, e mais ainda quando a pessoa está se exercitando.
Isso faz com que as taxas de açúcar no sangue se reduzam, pelo que a alimentação anterior à atividade física deve ser reforçada, à base de grãos integrais e carboidratos de lenta absorção. Dessa forma, a fonte de energia estará disponível para o organismo por maior período de tempo.
Outra medida eficiente para prevenir a hipoglicemia é manter um controle constante dos níveis de açúcar no sangue. Para isso, é bom ter sempre às mãos um aparelho medidor da glicemia capilar ou, ainda, seguir um plano para medir glicose. Assim, caso alguma alteração surja e persista por muito tempo, é possível avaliá-la e, em casos mais graves, saber quando o atendimento médico pode ser necessário.
No caso dos medicamentos que têm por efeito colateral a redução das taxas glicêmicas, a depender do caso, pode ser indicada a realização de uma consulta com o médico responsável pelo tratamento, para buscar a melhor saída para os quadros de hipoglicemia. Talvez a substituição ou a redução da dose, quando aplicáveis, sejam uma boa solução para controlar o índice de glicose sanguínea.
Para prevenir a hipoglicemia derivada da ingestão de bebidas alcoólicas, é preciso ter moderação ao ingeri-las. Isso porque, como visto, o excesso de álcool sobrecarrega o fígado, prejudicando o fornecimento de glicose para as células do corpo.
Depois de ler este texto, é possível perceber que, embora não consista em uma doença, a hipoglicemia é uma condição de saúde grave, se ocorrer com frequência. Isso porque ela pode ter como causa alguma patologia, como o diabetes, ou comportamentos comuns, mas perigosos, como o jejum feito por muitas horas e o consumo excessivo de álcool.
Sendo assim, viu-se como é fundamental entender não só o conceito, mas também os tipos, os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e as formas de prevenção dessa condição. Afinal, principalmente quando se trata de cuidados com a saúde, a informação é a melhor maneira de se conscientizar e, assim, prevenir esse problema, que pode acarretar outros mais severos.
Para isso, procure estar sempre com a saúde em dia. Alimente-se bem e mantenha o controle do seu índice glicêmico com frequência. Se, ainda assim, você apresentar algum sinal de hipoglicemia, fique atento!
Informe essa suspeita àqueles que convivem com você, orientando-os para, em caso de crise, adotarem os procedimentos necessários, se as evidências forem as mais simples. Em caso de elas serem mais preocupantes, não deixem de buscar atendimento médico.
Somente esse profissional estará capacitado a prestar o devido auxílio, identificar o problema e indicar o melhor tratamento para o seu caso.
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