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Nunca imaginei viver durante uma pandemia. Ou, pelo menos, nunca pensei no que seria a realidade de viver uma.
Sou brasileiro e me mudei para Portugal em 2018 para estudar. Mesmo com todos os privilégios de ter nascido em uma família que sempre proveu do melhor, um ano e meio longe das pessoas e lugares que amo não é a coisa mais fácil do mundo. Depois de todo esse tempo, ter que lidar com uma pandemia se mostrou ainda mais complicado.
No início do ano, quando a notícia da nova doença começou a correr o mundo, não esperava que fosse ganhar tamanha proporção. Em pouco tempo, porém, ela veio se aproximando e rapidmente a Europa se tornou o epicentro da pandemia. No caso de Portugal, acredito que o governo se adiantou e tomou medidas preventivas no início do problema e conseguiu frear a disseminação do novo corona vírus no país. Tivemos a sorte – se é que podemos chamar assim – de aprender com os erros de países que foram afetados antes de nós e, ao contrário de outros lugares, as pessoas aqui em Portugal rapidamente entenderam a situação e todas as recomendações do governo e Direção Geral da Saúde foram prontamente atendidas. Ainda mais com o agravamento dos números de casos confirmados na Espanha, país vizinho.
Aos poucos, as pessoas foram percebendo que nossas vidas teriam que ser adaptadas à nova realidade e é possivel ver uma união muito grande entre cidadãos portugueses nessa batalha contra a COVID-19. Num primeiro momento, talvez ainda tomadas pelo susto da nova realidade que chegou sem bater na porta, as pessoas correram para os mercados, farmácias e afins em busca de estocar bens para uma inevitável quarentena. Mas, mais uma vez – apesar de ser leigo no assunto -, acredito que o governo portugues soube controlar a situação e acalmar os ânimos do seu povo. Não existe qualquer problema em relação à falta de abastecimento ou aglomerações em supermercados e todos – ou pelo menos a grande maioria – respeitam o isolamento social.
Estar confinado dentro da própria casa nunca fez o meu estilo. Vivo – em condições normais – na rua e não há nada melhor do que socializar com outras pessoas. Para o meu alento, não moro sozinho e tenho a oportunidade de dividir um apartamento com ótimas condições de habitação com mais dois amigos brasileiros. Ainda assim é duro olhar o mundo só pela janela ou pela tela do celular ou televisão. A angústia de se sentir preso às vezes bate forte, mas o afligimento de saber que existem muitos milhões de pessoas em condições infinitamente piores é o que mais dói. Sem dúvidas, isso só me faz refletir e pensar que o melhor que posso dar de mim nesse momento é ficar em casa e respeitar as recomendações da OMS.
O número de casos confirmados com o novo corona vírus ao redor do mundo não para de crescer. Sabemos que todos os países poderão ter o seu sistema de saúde colapsado se o isolamento social não respeitado. Aqui em Portugal, todo brasileiro tem os mesmos direitos que um cidadão nativo aos serviços de saúde pública. Espero, porém, não precisar contar com isto. Apesar de não conhecer ninguém que tenha sido contaminado, inúmeros depoimentos de doentes mostram que cada pessoa é afetada de um jeito singular, uns mais severos e outros nem tanto. Mesmo sendo um ser humano bastante saudável, tenho medo da doença e tenho pavor de pensar que algum ente querido possa adoecer a tantos quilômetros de distância, sem que eu possa fazer algo para ajudar.
Por isso, nada mais importante do que ficar em casa e compartilhar conhecimento com o próximo. Hoje, com a ajuda da internet e das redes sociais, podemos estar bem perto uns dos outros mesmo que tão longes. É hora de usar isso em nosso favor e continuar espalhando amor mesmo em tempos de desconfiança e incertezas.
Autor: Thiago Oliveira (@tethiiii)
